Em cinco anos a área de sorgo avançou em 16 vezes no Estado
Utilizado em grande volume na nutrição animal e como estratégia de substituição à cultura do milho, o sorgo ganha mais espaço nas propriedades rurais de Mato Grosso do Sul, passando de uma área de 4,9 mil hectares, para 79,6 mil hectares, no período de cinco safrinhas. A cultura cresceu principalmente em municípios como Bandeirantes, Ponta Porã, Maracaju, Rio Brilhante, Dourados e Campo Grande.
Ao todo, 51 municípios cultivaram o cereal na safrinha 2022, um avanço que chama a atenção do mercado, mas também das entidades de pesquisa, que se voltam à cultura, a fim de avaliar mais precisamente esse desenvolvimento, e trazer suporte técnico ao produtor rural que optar pelo cultivo. É o caso da Fundação MS, que já avalia o sorgo quanto aos seus processos de adubação, benefícios ao solo, pragas e doenças e doenças que acometem a cultura, e os possíveis manejos para mitigá-los.
“Estamos com ensaios em diversas regiões de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de apresentar soluções aos principais problemas da cultura do sorgo. Temos ensaios em comparação com o milho safrinha, em que o sorgo entra como opção no momento de fechamento de plantio, e em regiões em que a janela do milho fica muito apertada, devido às chuvas, que vêm um pouco mais tarde, fazendo com que a soja seja cultivada de forma tardia, estreitando o prazo do milho, como é o caso de Anaurilândia”, explica o pesquisador Dr. André Lourenção.
Em ensaios realizados em Naviraí, Ivinhema e Anaurilândia, a Fundação MS também avalia como o processo de adubação, por NPK, em determinadas doses, pode contribuir com o aumento da produtividade da cultura. Estão sendo testadas fontes para o sulco de semeadura e doses de nitrogênio em cobertura. Já na parte de fitotecnia, os estudos se desdobram nos municípios de Maracaju, Anaurilândia, Naviraí e São Gabriel do Oeste, onde avaliam a performance do sorgo, sua arquitetura e doenças, para que o produtor consiga, a partir dos resultados de pesquisa, decidir qual material utilizar nas safrinhas seguintes.
Quanto ao manejo e controle de pragas, há trabalhos mais direcionados às lagartas e aos pulgões. “Esses ensaios são desenvolvidos por vários pesquisadores, a partir de diversas situações, em diferentes ambientes. “Criamos uma frente ampla, buscando consistência e agilidade, para que o produtor possa, de forma rápida, obter resultados, desde o manejo inicial até a colheita do sorgo”, destaca Lourenção, ao lembrar que o sorgo se trata de uma cultura de ciclo mais rápido, de 100 a 110 dias e, por isso, tem maior chance de escapar da geada, além de ser mais tolerante ao estresse hídrico.
Outro objetivo dos trabalhos técnicos realizados pela Fundação MS é amenizar os custos do produtor rural que se dedica ao cultivo do sorgo, fazendo com que o agricultor faça as melhores opções, evitando prejuízos. Para isso, os pesquisadores verificam também as plantas infestantes e doenças na cultura, para que o produtor saiba exatamente o que utilizar. “O sorgo tem uma questão com plantas daninhas, que merece uma atenção maior, além de duas doenças que estamos monitorando e avaliando o controle: antracnose e a ergot, ambas podem comprometer os grãos e causar a quebra de produtividade, mas podem ser evitadas com fungicidas”, explica a pesquisadora, Dra. Ana Claudia Ruschel Mochko.
Essas e outras informações serão demonstradas nos Dias de Campo Safrinha nas Apresentações de Resultados da Fundação MS, em diversos municípios do Estado, já nos próximos meses.
Sobre a Fundação MS
A Fundação MS é uma instituição de pesquisa com mais de 30 anos de experiência, com trabalhos voltados a diferentes culturas, na safra e safrinha, em diversas regiões de Mato Grosso do Sul.
Com atuação sempre pautada em demandas advindas dos produtores rurais, os pesquisadores realizam experimentos que visam o desenvolvimento, a produtividade e a qualidade dos produtos. Por meio do Conselho Técnico-Científico (CTC) os problemas e desafios são levantados pelos membros do conselho, e os pesquisadores elaboram protocolos que são levados a campo. Após todo o manejo, colheita e tabulação dos dados, os resultados são apresentados em cada uma das unidades de pesquisa por meio de eventos promovidos pela Fundação MS: dias de campo, apresentações de resultados, no site, Portal do Associado e Showtec (maior evento agro de MS).
A Fundação MS também atua com diversas parcerias, testando eficiência, validação, posicionando e auxiliando no desenvolvimento de produtos que estão em fase pré-comercial, ou já disponíveis no mercado, prestando serviços nas áreas de manejo e fertilidade do solo, fitotecnia/soja, fitotecnia/milho e sorgo, assim como herbologia/entomologia e nematologia/fitopatologia.
Diego Silva – Agro Agência